Dificilmente alguém discorda do argumento que Um Lugar Silencioso é o melhor filme de terror dos últimos anos. Repetidamente é dito aqui que o gênero terror é escasso e pobre nas grandes telas e nos serviços de streaming, porém o padrão desses filmes parece ter melhorado com algo mais preso no suspense do que nos sustinhos, e John Krasinski consegue trabalhar todos os elementos que um filme de terror sabe para prender o público, eis que ele faz a sequência e acerta em cheio mais uma vez, Um Lugar Silencioso Parte II é de longe o melhor filme do ano até agora e não só alavanca a franquia como começa a encantar a todos o nome de Krasinski como diretor e roteirista.

Se Jon Favreau têm sido o toque de Midas de Hollywood e já se firmou como um dos maiores nomes da atualidade, Krasinski está caminhando bem para se igualar a essa grandeza, mesmo estando a frente de apenas uma franquia, mas porque? Muito além do trabalho impecável da trilha sonora ou fotografia, os pequenos elementos que são trabalhados em tela para te passar sentimento de agonia, de medo e de alívio; do mais impactante ao mais simples. Vale a comparação com Spielberg por causa do mesmo toque na direção, o filme te envolve ao ponto do final ser entregue o que o diretor quiser. Se em Tubarão foi um final galhofa, aqui se teve um final cafona, mas diante ao conjunto da obra assistido, você entende e sente a grandeza desse final. O único lamento que fica após isso é o fato dele ser muito curto, contudo essa moda de filme de duas horas têm sido uma maldição de assistir, por esse único motivo que a duração da Parte II foi perfeita.

Dentro do subgênero pós-apocalipse, pode-se apontar inúmeras produções em todos os setores da cultura pop, mas fatalmente lembraremos daquela que marcou o mundo dos games, a franquia The Last of Us, uma obra prima que trabalhou o tema em paralelo as relações humanas e os sentimentos desenvolvidos no processo. A relação desse game com Um Lugar Silencioso Parte II é algo incrível e fantástico de tão igual, não só a fotografia e até algumas cenas, mas os personagens envolvidos, mesmo com cenários apocalípticos diferentes, se têm em tela a mesma ideia do que se foi jogado. Se no gamehavia a relação pessoal de Joel e Ellie sendo trabalhada em meio a sobrevivência do apocalipse zumbi, aqui se têm o início da parceria entre Emmett (Cillian Murphy) e Regan (Millicent Simmonds). Se você jogou The Last of Us e não enxergou essa relação, você viu o filme errado ou jogou Não pode-se deixar de teorizar que deve ter sido alguma referência, sem falar que o alienígena do filme faz o mesmo barulho dos estaladores – um dos tipos de zumbi em The Last of Us.

A trama se inicia exatamente do fim do primeiro filme, e aí se têm o crescimento de todos os personagens em tela, o roteiro se separa em várias histórias paralelas e o roteirista, que também é Krasinski, não têm medo de dar tudo errado. De extremos problemas a pequenos conflitos, você coloca a mão da cara gritando internamente “não faz isso, não faz, vai dar errado”, e de todos os tipos de problemas, uns ficaram meio fora do contexto do roteiro, não precisa existir explicação de tudo, pode-se deixar no imaginativo das pessoas, mas ficou um tanto confuso, e a explicação meio que não ajudou muito, mas o filme nesse acontecimento já estava grandioso o suficiente para não se importar com isso, aliás pode-se deixar esse furo par quem sabe trabalhar um terceiro filme. Se a Marvel faz isso na franquia dela, porque em Um Lugar Silencioso não?

um lugar silencioso parte 2
Imagem Divulgação

Dos crescimentos pessoais de cada personagem, deve-se falar aqui de Evelyn (Emily Blunt). Após perder o marido e ter que cuidar dos filhos em meio ao pós-apocalipse alienígena, em todo momento ela está apavorada, mas isso não era demonstrado em suas ações, foi algo épico em atuação e jogo de cenas, confrontando a criatura e indo atrás de suprimentos com uma calibre 38 e um sonho. Foi praticamente uma estrategista, e se ver no primeiro filme, é uma personagem que sabe trabalhar esse ambiente, aprendeu como viver nesse “novo normal” e se tornou mais um exemplo dos dois maiores nomes do filme.

Se Regan já corria atrás de uma vida melhor para sua família e se brilhava na trama, em contraponto se têm Marcus (Noah Jupe), que só sofre e faz burrada, mas no desespero se virou e foi o mais novo nome da franquia a engrandecer em tela, claro que foi o mais desesperador e roubou a cena em todos os momentos que aparecia, mais pelos acontecimentos do que a atuação em si. Porém abriu-se um leque de oportunidades para um terceiro filme, que fatalmente irá acontecer pelo sucesso da franquia.

Um Lugar Silencioso Parte II é tão bom quanto o primeiro filme, mas não é exagero dizer que é o melhor. A genialidade de John Krasinski vai alavancar seu nome para os pedestais de Hollywood como um dos melhores diretores da atualidade. A nova franquia de terror dá uma aula as outras que não passam de bagaço seco sendo espremido pelos estúdios, tentando buscar a última gota de sucesso, enquanto Um Lugar Silencioso têm SUCO o suficiente para novas histórias, e espera-se que não tentem forçar nada além do que essa franquia maravilhosa já entregou para os fãs do terror.

REVIEW
Um Lugar Silencioso Parte II
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
um-lugar-silencioso-parte-ii-reviewA família Abbott precisa enfrentar os terrores do mundo exterior enquanto luta pela sobrevivência em silêncio. Forçados a se aventurar no desconhecido, eles percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças no caminho da areia.