The Medium é o mais novo jogo de Horror Psicológico da Bloober Team. No enredo temos a falante e contagiante Marianne – uma jovem com o “dom da mediunidade” que busca respostas para seus sonhos e bloqueios de seu passado. 

O estúdio polonês é conhecido pela franquia Layers of Fear, mas foi com Blair Witch e Observer (este você confere em nosso REVIEW AQUI), que ganhou minha notoriedade e proporcionou o desenvolvimento polido deste recente título, que é The Medium.

Nas Entranhas do Niwa Hotel

Controlando a medium Marianne, desde o início do jogo somos apresentados a seus poderes e habilidades psíquicas, e até seu desfecho, tudo caminha conforme o avanço da narrativa; algumas habilidades são ativadas apenas depois da metade da jogatina.

Entre visões e o poder de conversar com os mortos, a protagonista serve como uma “barqueira” – ela mesmo se denomina dessa forma – para o mundo espiritual. Com isso, o game traz a dualidade de dois mundos: o comum e corrente, com o espiritual, que traz do pintor surrealista Zdzislaw Beksinski a maior inspiração do estúdio para o game.

De um prólogo no qual temos a filha enterrando seu pai, a melancolia transcorre por todo período, mas destaco a “segunda fase” do jogo, em que adentramos no Niwa Hotel. É aqui que o pessoal mais oldschool e amante da franquia Alone In The Dark, Resident Evil e Silent Hill, vão se identificar.

Apesar de ter uma gameplay linear, neste momento do jogo, em Niwa, a construção do roteiro junto à ambientação foram fatores determinantes para me manter – e creio que muita gente – intrigado com a obra. É neste momento que o jogo realmente te pega!

A mediunidade lhe traria mais respostas ou temores?

Narrativa em Primeiro Lugar

Embora tenha referências de jogos antigos, The Medium traz o melhor da nostalgia com títulos mais recentes. Para quem jogou Layers of Fear, vai sentir similaridades em certos momentos, como na construção de memórias em objetos; e também na ambientação melancólica de Blair Witch – vale dizer que os cenários com florestas ganharam um plus gráfico em The Medium.

Com um play em terceira pessoa em cenários com câmera fixa, não há momentos de ação, propriamente ditos. O jogo se propõe a ser um Horror Psicológico, puro e simplesmente. Não há momentos em que atiramos ou deferimos golpes em criaturas. Há sim momentos chave em que devemos fugir, passar por um cenário sem que o “bicho papão” te note e devemos utilizar a luz a nosso favor: como uma barreira de proteção e como uma rajada energética. Mas lembrando: tudo é bem pontual.

Dica: para um melhor aproveitamento e construção narrativa, recomendo aos jogadores de PC que utilizem um controle (de preferência que vibre) e fones de ouvido. Toda a perspectiva é imersiva, e dar um upgrade na jogatina com tais recursos é fundamental para experiência na história, jogabilidade, trilha sonora e conceito artístico de The Medium.

Fotografia e jogo de luzes – potencializados com o Ray Tracing – dão um clima aterrorizante!

Dualidade / Realidade / Atmosfera

Com uma boa narrativa e homenagem às franquias clássicas de Horror, o que mais o jogo pode oferecer para se tornar original e se sobressair num gênero enfraquecido por tantos clichês genéricos? Na minha visão, a questão de trazer a gameplay em duas realidades foi a marca registrada em The Medium.

O interessante dessa dualidade é de que temos o controle das duas realidades ao mesmo tempo, mudando alguns botões Daqui e Dali, o que traz uma aproximação com Marianne bem interessante, vivenciando exatamente o mesmo que ela em jogo.

Creio que para o pessoal que joga em monitores ou televisores pequenos, a ideia de ter sua tela dividida não seja tão atraente assim, mas não tira o mérito da criatividade do estúdio. Vale dizer que para os “PCzistas”, por conta deste tipo de abordagem, o jogo requer uma Placa de Vídeo bem parruda para a jogatina.

Quem é Lily?

Precisamos falar de Marianne

Marianne é de fato a personagem mais interessante criada pelo Bloober Team e arrisco dizer que seu elenco de personagens também é dos melhores – talvez o estúdio esteja em seu grande momento, realmente.

A voz original da protagonista foi feita por Mary Elizabeth McGlynn, já conhecidíssima no meio e que cumpre brilhantemente seu papel junto a Troy Baker, que faz The Maw (Mandíbula, mas chamo carinhosamente de Bichão/Bicho Papão). Juntos, eles trazem uma interpretação que ajuda na construção das personagens e na polidez da narrativa.

Vale mencionar que o carisma, principalmente de Marianne, vem de como os personagens encaram as situações. A protagonista é deveras falante e faz até mesmo piadas em momentos não muito oportunos – e piadas horríveis, que até mesmo ela reconhece. Essa forma de dar uma suavidade na tensão das situações, traz uma aproximação com o jogador e com nossa realidade, já que nem sempre tratamos o medo de forma tão séria.

Com relação a sua construção, o jogo traz muitas reviravoltas e um cliffhanger atrás do outro. Realmente, é difícil parar de jogar, pois sempre queremos saber o que vem a seguir, e claro, queremos saber mais das motivações de Marianne até seu desfecho. Deixo o alerta de que The Medium traz diversos Gatilhos e temas bem Pesados.

A dualidade em The Medium (Imagem Divulgação)

Vamos Conhecer o Outro Lado?

The Medium possui um replay baixo, já que o apelo principal vem da narrativa, ou seja, depois de descobrirmos seus segredos, a necessidade em ter novamente uma experiência na jogatina é para conseguir novas conquistas ou se familiarizar ainda mais com a história. A dica aqui é procurar pelos outros títulos da desenvolvedora.

Fechando o game com um pouco mais de nove horas, o trabalho da Bloober Team cumpre o que prometeu, traz aquele efeito nostálgico dos jogos de horror antigos, traz uma trilha sonora envolvente, uma personagem com profundidade e carisma, uma jogabilidade original e um roteiro cinematográfico que bate muitos filmes do gênero.

Dito isso, trago um veredito altamente satisfatório e um prazer de ter tido a experiência com este jogo. Na questão técnica, pode-se dizer que a movimentação é um pouco dura, ora problemática em situações de stealth, além de que tive problemas de conectividade com o controle. Outro fator – que considero um bug e já devem ter arrumado – está relacionado a crashes e gargaladas, quando o jogo alterna entre o play e os momentos de cinemáticas.

Tenha paciência com a história gradativa em The Medium. Quanto mais você embarcar neste universo com Marianne em busca de respostas, maior será sua surpresa com o jogo. Você é corajoso o suficiente?

The Medium é um jogo de survival horror desenvolvido pela Bloober Team exclusivamente para Xbox Series X/S e Windows 10. The Medium também está disponível no serviço de assinatura Xbox Game Pass, da Microsoft, desde o dia de seu lançamento.


Para uma melhor experiência, atente-se aos Requisitos de Sistema:

Graças à nossa parceria com o KaBuM!, tive o prazer de jogar com uma NVIDIA RTX 2060, o que me trouxe uma experiência de jogatina na casa dos 60 quadros por segundo e ainda com Ray Tracing ligado. Mesmo assim, caso pretenda rodar sem Ray Tracing, uma NVIDIA 1660 SUPER dará muito bem conta do recado.

Caso tenha algum tipo de gargalo com seu Processador, principalmente para quem tiver um modelo com menos de 8 threads, ative o DLSS para uma melhor fluidez. O modelo i5 9600, da Intel, ou um AMD Ryzen 7 3700 X, dará conta do trabalho tranquilamente.

Com relação às memórias, 16GB é extremamente recomendado, seja DDR3 (que ainda é meu caso) ou DDR4, melhor ainda. Já no armazenamento, o jogo dispõe de apenas UM ÚNICO GRANDE LOADING (ou em caso de morte), ou seja, além de serem mais demorados, os cenários são carregados de acordo com seu avanço. Para isso, um SSD, seja SATA ou M.2, darão uma melhor experiência – principalmente para quem morrer muito!

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