A receita é velha, você conhece bem, eu conheço bem e ela funciona: garotas fofas fazendo coisas fofas. Dessa fazendo o que? Andando de moto? Ah sim, lambretinhas! Em Super Cub somos apresentados ao dia a dia de uma garota que ganha novas cores na vida ao conseguir sua primeira lambreta, literalmente. Vem de mais Gole dessa Temporada de Primavera 2021 que não para de ter coisa boa!

A GAROTA SEM NADA

A vida de Koguma não poderia ser mais vazia: ela mora numa casa sozinha, sem pais, sem amigos na escola, sem hobbies, vivendo apenas um dia de cada vez. Pacato, mas sem nada. Nas idas e vindas da escola, ela percebe que passa por um sufoco além do normal quando percebe um colega aleatório indo e voltando de lambreta pelas elevações. Isso a deixa curiosa e Koguma passa numa loja de motocicletas, hesitante e desanimada pelos preços exorbitantes para uma colegial.

Mas o senhorzinho que cuida da loja se mostra disposto a dar uma mão para a menina. Ele oferece uma lambreta usada, uma Honda Super Cub, por apenas 10 mil ienes (100 dólares, mais ou menos); um preço bem baratinho, já que segundo o senhor, três pessoas já morreram usando essa moto. E é fato que a morte desvaloriza bastante as coisas no Japão, só ver o sufoco que é vender uma casa onde uma pessoa foi encontrada morta. Mas Koguma não se importa com nada disso. A curiosidade pela lambreta é maior que qualquer superstição e ela… vai tirar uma habilitação primeiro, afinal, ela é só uma colegial.

Gostaria muito de imaginar que o curto espaço de segundos, do momento em que Koguma percebe que precisa de uma carteira de habilitação até o momento em que ela sai de documento e placa na mão, seja apenas o anime cortando toooooodo o tempo enorme e custoso que “normalmente” se levaria aqui para tirar uma mísera carteira de motorista. Mas não é fácil olhar para esse espaço de segundos com certa indignação e exclamar um “Só isso?!” de onde você estiver.

Seja como for, é no momento em que Koguma aprende a dar a partida e a lambreta começa a dar os seus primeiros roncos que percebemos a maior beleza do primeiro episódio: estávamos num mundo de cores brandas esse tempo todo, pois o ronco do motor enche a tela de cores vivas, sendo a lambreta a promessa de uma vida mais vívida e preenchida para a jovem garota sem nada.

MOMENTO JABÁ ABSURDO?

Abri esse Primeiro Gole afirmando Super Cub como um seguidor da receita “garotas fofas fazendo coisas fofas”. E enquanto é verdade que os sorrisos de satisfação de Koguma com sua lambretinha te provocam a mesma sensação de ver um filhotinho que você quer encher de amor e carinho, Super Cub parece ir um pouco além do fofo e indo de cabeça no belo. De um jeito bem familiar, eu diria.

Sabem aqueles comerciais da Cup Noodles que tentam DEMAIS ser uma coisa muito bonita e muito bem animada apenas pra vender macarrão? Super Cub tem meio que essa vibe. Ele é muito bem animado, bisonhamente bem animado, quase como apenas pra te dizer, “olha, lambretas da Honda são legais de se andar okay?”. E o anime não fecha muito a mão pra te mostrar que a lambreta da Koguma é da Honda, com a logo da marca aparecendo sem maiores reservas.

Claro, isso pode ser apenas o gosto do autor original da obra aflorando, isso também não é uma reclamação. Apenas um espanto de ver algo tão bem feito apenas com o propósito de ser bonito. Que eu mesmo tenha tido esse tipo de espanto já mostra bem esse mau hábito coletivo de querer que tudo tenha um grande motivo ou propósito.

Não. Às vezes basta uma café da manhã super bem animado por si só , do tipo que passaria de pano de fundo de alguma playlist de lo-fi para estudar e relaxar. Agora é saber quantos de nós irão querer pegar a estrada numa moto depois de terminar Super Cub. Porque esse anime te dá sim essa vontade.

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