Bem, quando li a respeito de Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu, presumi que essa obra seria o típico anime onde o personagem principal é transportado para um mundo de fantasia, formando seu harém particular e usando poderes que as pessoas daquele mundo não podem, então pensei: O que esperar de um plot TÃO batido como esse?

Então meus caros, vocês podem imaginar o quão forte foi o tapa na minha cara, depois de ter visto o belíssimo episódio inicial, um especial com 50 minutos de duração!?

Da loja de conveniência para um mundo novo

A primeira parte do episódio inicial, começa intercalando algumas cenas de um suposto massacre, e de uma simples compra numa lojinha de conveniências 24 horas. Inicialmente, Subaru, nosso protagonista, nos é apresentado de uma maneira bem simples, enquanto lê um mangá, escolhe alimentos de consumo rápido, e não encara com boa reação um casal de jovens apaixonados que passa em frente à loja, o que me fez pensar durante um instante que ele talvez tivesse uma personalidade parecida com o Hachiman de Oregairu. Nos segundos seguintes, somos surpreendidos com a invocação para outro mundo mais abrupta de todos os tempos… Foi literalmente em um piscar de olhos!

A sinopse desse anime não faz jus ao verdadeiro Natsuki Subaru, quando o menciona apenas como um estudante comum. Ele usa um uniforme de educação física como vestuário padrão (tipo o do Yato de Noragami), passa noites em claro jogando videogame e não tem namorada. Podemos presumir então que ele é um hikikomori – Pessoas que se isolam em casa, por não se encaixarem na escola ou no trabalho, e são vistas como sem serventia perante o sistema. Isso explicaria sua reação extremamente entusiasta quando exposto á um mundo novo, com criaturas novas, magia, e todo tipo de clichê que se possa imaginar. Entretanto, as coisas não saem tão bem quanto ele esperava, e ele fica questionando várias coisas. Ele não sabe quem o trouxe para esse mundo, muito menos seu objetivo. Não consegue ler o idioma local, mas consegue entender e conversar com as pessoas daquele mundo. E, aparentemente, não possui qualquer poder que facilite a sua jornada.

Quando achamos que a situação não poderia piorar, Subaru é surpreendido por um grupo de ladrões que exige os seus pertences (um celular sem sinal, um pacote de batatas e um miojo), e mesma a interrupção momentânea de uma loli gatuna não parece ser o suficiente para fazer os rapazes mudarem de ideia. Essa parte é interessante por vários motivos. Nela, podemos ter um vislumbre da força física do nosso protagonista, que mesmo sendo um otaku recluso, alega se exercitar todos os dias, além de “ficar empunhando uma espada de madeira sem motivo algum”, o que justificaria parte da sua resistência. Porém, um dos bandidos carrega adagas, então Subaru começa a ser sobrepujado pelos mesmos, tomando uma verdadeira surra. Nesse momento, somos apresentados a nossa heroína com arquétipo altruísta. Além de linda, a garota visivelmente meio-elfa é uma usuária de magia, e também possui habilidades de invocação de espíritos, possuindo um contrato com um carismático espírito em forma de gato chamado Pack. Com toda essa mana envolvida, é bem óbvio que os bandidos não seriam nenhum desafio, então eles acabam fugindo enquanto Subaru perde a consciência. Quando acorda, ele é questionado sobre um brasão que pertence a garota, porém foi roubado sem que ela sequer pudesse assimilar a aparência do bandido, e então Subaru menciona a garota que passou ali enquanto ele era ameaçado pela gangue.

Tomado por sentimentos de gratidão, e enfeitiçado pela beleza da moça, Subaru se oferece então para ajudar a recuperar a joia de família roubada. A heroína se apresenta como Satella, e a partir dai, uma bela química entre os dois começa a se formar. Durante o episódio, mesmo em uma situação complicada, Satella e Subaru ainda arranjam tempo para ajudar os outros, enquanto reúnem informações sobre o paradeiro da ladra de joias, que descobriram se chamar Felt. Todas as informações direcionam os dois a uma favela no subúrbio do reino, e, supostamente, ao local onde Felt esconderia e comercializaria toda sua mercadoria roubada. Como bom cavalheiro, Subaru se oferece para entrar no esconderijo primeiro, para averiguar a situação, mas é surpreendido por um mar de sangue, um corpo e… Uma bela apunhalada na barriga. Preocupada com Subaru, Satella entra para averiguar a situação, e também acaba sendo morta, nos proporcionando então a oportunidade de ver todo o protagonismo de Subaru em ação, enquanto executa seu primeiro “retorno por morte”. Pelo direcionamento do anime até aqui, seu ponto de tensão durante o primeiro episódio, podemos constatar que aquela foi a primeira morte de Subaru, mas que dificilmente seria sua última.

Começando do ZERO

É difícil imaginar algo como voltar no tempo através de um savepoint, então é extremamente crível que o protagonista também tenha dificuldade em assimilar esses acontecimentos, não pegando de primeira o que está acontecendo ali. E suas tentativas de reproduzir os acontecimentos anteriores durante os episódios, também não dão muito certo, o que pode acabar favorecendo ou prejudicando ainda mais sua jornada.

O anime teve sua estreia no dia 4 de abril, e até o lançamento deste post, já conta com 6 episódios lançados, dos 25 que foram prometidos pelo estúdio White Fox (Steins;Gate, Hataraku Maou-Sama, Akame ga Kill). A staff possuí nomes de peso como Masaharu Watanabe na direção e Masahiro Yokotani, um exímio roteirista especializado na adaptação de light novels. Ainda não acompanho a LN ou os mangás de Re:zero, mas pelo que pude pesquisar, foi feito um trabalho de excelência no que diz respeito a adaptação, sem que fossem cortados diálogos e/ou cenas importantes da obra original, inclusive no que diz respeito as partes de gore da trama. As músicas de fundo dão boa ênfase, sejam nas partes cômicas, de serenidade romântica ou cenas de caos em meio aos combates.

Em suma, tive uma primeira impressão bastante positiva de Re:Zero, e acho que grande parte disso não se deve a sua belíssima execução técnica, mas sim ao desenvolvimento dos personagens. Subaru consegue ser extremamente otimista e determinado, mesmo nas situações mais desesperadoras.

A garota meio-elfa, nossa heroína, não se prende aos padrões moe que vemos nos animes atuais, e mesmo sendo de uma classe claramente superior, não trata Subaru ou qualquer outro personagem com indiferença. Criamos empatia até mesmo por Felt, cujo as ações são justificadas durante os episódios iniciais. A trama de Re:zero é construída através de uma serie de elementos de roteiro como plot twist e cliffhangers que, se bem desenvolvidos, transformarão o anime num hype absoluto, junto com Boku no Hero Academia e etc.

Por trazer personagens tão cativantes, um linear bem trabalhado entre comédia e drama e cenas bem explicitas de morte e mutilação, o anime promete fazer a alegria dos amantes de uma boa animação japonesa, inclusive a minha.

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