The Raven, ou O Corvo, é um dos poemas mais famosos – e mais sombrios – da história da Literatura. A solidão, o medo, a perda, o desejo, são pautas de versos ritmados em perfeita harmonia por Edgar Allan Poe, comumente relacionado a suas obras macabras e obscuras.

No trabalho organizado por Ivo Barroso, lançado pela SESI-SP Editora, temos o poema de 1845 em suas diversas versões; seja português-brasileiro, francês – e claro, na sua língua original, o inglês.

Sobre a edição e Ivo Barroso

Em suas duzentas páginas, o livro se divide em três grandes frentes. Notas introdutórias de como o organizador de Ervália (MG) teve a “ideia” de compor a obra, seguindo para uma breve biografia de Poe e “A Filosofia da Composição” e os textos, propriamente ditos.

Quanto a Ivo, vamos a uma leve passada por sua carreira, que se formou em Direito e Letras Neolatinas, traduziu obras completas de autores como Arthur Rimbaud e T. S. Elliot, clássicos de Dante Allighieri, William Shakespeare e Jane Austen, além de lançar obras originais como “A caça virtual e outros poemas”.

Além de Machado e Pessoa

Em meus quase 30 anos de leituras, O Corvo chegou a mim em versões de Machado de Assis e Fernando Pessoa. Até então, não havia procurado – ou até mesmo me interessado – por outras versões e traduções da obra de Poe.

Ao meu saber, a versão Machadiana era das mais populares e juntamente com Pessoa, não havia um motivo para procurar por novos nomes – já que havíamos conhecido pelas mãos desses dois gigantes da Literatura Luso-Brasileira.

Uma ótima surpresa, que ao folhear o livro, vislumbro inúmeras versões e já em leitura, Milton Amado se torna – quase que instantaneamente nos primeiros versos – a minha versão preferida de “O Corvo”.

É com a notória introdução que ganhamos um panorama – mesmo que breve – dos modelos e trejeitos utilizados por autores, além dos já citados acima, como Emílio de Menezes, Gondin da Fonseca, Benedicto Lopes, Alexei Bueno e Jorge Wanderley, manifestando suas interpretações, motivos e técnica estrutural na tradução do poema melancólico.

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Musicalidade e Métrica

Vale lembrar que o livro não consta com análise da obra e sim, foca-se nas diferentes interpretações dos escritores. É sedutor as variáveis fonéticas traduzidas em cada uma das aliterações e de como cada autor tentou se virar em “localizar” o poema para a língua tupiniquim.

Para quem busca uma obra com o poema e suas variáveis traduções, Ivo Barroso traz um ótimo compilado de um dos artistas mais notáveis dos últimos séculos. Vale o Gole!

“O Corvo” e suas traduções

Organizador: Ivo Barroso
Editora: SESI-SP Editora
Ano: 2018
Páginas: 200
Preço: R$ 59,90

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REVIEW
O Corvo e suas traduções
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BELLAN
O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.
o-corvo-e-suas-traducoes-reviewEscrito em 1845, O Corvo, de Edgar Allan Poe, transformou-se rapidamente, depois de sua descoberta por Baudelaire, em um dos poemas mais famosos da literatura universal. Neste livro organizado por Ivo Barroso, reúnem-se, além das clássicas traduções francesas de Baudelaire e Mallarmé, todas as mais importantes traduções em língua portuguesa cobrindo um período de quase um século, com infinitas diferenças e similitudes, duas divertidas paródias e as versões em cordel. Esta publicação apresenta também uma sucinta biografia de Poe, a fim de que os leitores possam conhecer certos aspectos relevantes de sua vida e avaliar o estado de espírito em que o poema foi gerado.