A pandemia fez com que o cinema fosse obrigatoriamente para as nossas telas de celulares e televisores, com tudo indo pro serviço de streaming, ganha-se em acessibilidade para muita gente, mas perde em experiência cinematográfica, infelizmente alguns filmes vão sofrer com isso e um deles foi O Céu da Meia-Noite, original da Netflix que está concorrendo ao Oscar e é uma tentativa de explosão de cabeça que não passou de um estalinho por ser muito mastigado e por falta de apego emocional.

Entendo quem defende que os serviços de streaming são revolucionários, eu também acho isso, mas dizer que substituirá os cinemas, é um argumento muito burro ou ignorância, o cinema traz uma experiência de imersão muito maior que sua tela de computador, basta o cachorro da sua vizinha latir, o seu celular tocar ou qualquer distração pequena te tirar do filme, por isso que quando as pessoas dizem que maratonam séries com qualidade duvidosa, para não dizer ruins, aposto que 70% do tempo estavam mexendo no celular. São poucos os filmes de streaming que te prendem, mesmo você silenciando celular e fechando janela para ficar mais escuro, não há jeito de calar o cachorro do vizinho ou qualquer moto sem escapamento que passe na sua rua para quebrar sua imersão – imagina se for um filme ruim então, você não termina de assisti-lo.

Eu entendo a obviedade da linguagem em O Céu da Meia-Noite, por ser um filme do gênero Sci-Fi, ele se mostra mais difícil de imersão dentro de uma linguagem muito arrastada, então todos os elementos que te mastigam a trama se faz necessário, mas não por ser um filme difícil, o que não é, e sim por ser um filme chato. Sem brincadeira, em nenhum momento esse filme te prende, tentam um drama, colocam diálogos para você se apegar a personagens, e tentam rechear a trama com dificuldades aos mesmos para te causar alguma tensão, mas nada funciona, em nenhum momento esse filme consegue te preencher ou te emocionar, muito menos no grandioso plot twist do final, que mesmo quem não prestou tanta atenção na trama, não vai se emocionar, porque o roteiro se mostrou bem denso e dramático, mas só no papel, a direção não soube trabalhar essa história e o que tivemos em tela não foi um filme ruim, foi um desastre.

Se podemos apontar algum ponto positivo, eu cito a trilha sonora, ela é muito linda e gostosa de se ouvir, mas só fora do contexto da obra, trilha que te dá spoiler de vários momentos, tanto de drama quanto de mortes. Apesar de ser muito bem composta, foi colocado tempos antes das cenas, ou seja, todo o filme sofre spoiler das trilhas, não é difícil de ler essa linguagem porque a trilha sonora ela compõe uma orquestra junto com as cenas dos filmes, é possível contar nos dedos os filmes que sabem trabalhar o desenvolvimento da trama casado com a trilha sonora, O Céu da Meia-Noite chega a ser uma catástrofe, algo muito marcante negativamente que te decepciona a cada cena movimentada ou até contemplações de cenas abertas para trazer profundidade, é horroroso.

A questão que mais chama a atenção nesse filme é a sua indicação ao Oscar 2021, não faço a mínima ideia as categorias que ele concorre (Nota do Editor: Efeitos Visuais), mas sinceramente não há motivo para esse filme conseguir algum prêmio, talvez fotografia, nesse quesito ele é bem marcante, mas há concorrentes melhores. O personagem de George Clooney é muito bom, tanto que ele supre o filme em muitos momentos, mas também, há muitos outros atores que se destacaram em outras obras, talvez nem uma indicação sobraria para ele. A escassez de bons filmes nessa temporada de Oscar é gritante e chega a ser assustador algumas obras que estão sendo indicadas, algo a se refletir, não é só a ideologia conservadora da academia, é o padrão dos filmes, até os que citam representatividade e defendem as minorias estão sendo filmes fraquíssimos e esquecíveis.

O Céu da Meia-Noite é uma tentativa falha de grande obra, um desastre de desenvolvimento que apaga um plot maravilhoso, ofusca uma mensagem linda e te cansa de assistir.

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