A nova versão americana do conto chinês A Balada de Hua Mulan é o primeiro grande filme a ser lançado desde o início da pandemia e mesmo antes de estrear, o longa gerou polêmica. Não exatamente o filme, mas uma atriz: Liu Yifei, a Mulan.
Pessoas de vários estados chineses e da Tailândia vem fazendo campanhas na internet para boicotar o filme desde o ano passado, depois que a atriz Yifei fez comentários apoiando a policia de Hong Kong durante os protestos pró-democracia. As manifestações começaram em junho de 2019 depois de um controverso projeto de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental. Diversos críticos afirmaram que essa lei poderia permitir julgamentos injustos e tratamentos violentos para com a população.
Durante os protestos que não só pediam pela democracia, mas também pelo fim da violência policial contra os manifestantes, Yifei comentou “Eu apoio a policia de Hong Kong. Podem me atacar agora. Que vergonha para Hong Kong” e pouco tempo depois a tag #BoycottMulan (Boicotem Mulan) estava nos trend topics do Twitter. Após esse comentário o famoso ativista chinês Joshua Wong falou em seu Twitter “Eu peço a todos vocês que acreditam em direitos humanos, boicotem Mulan” (veja abaixo o tweet na integra).
This film is released today. But because Disney kowtows to Beijing, and because Liu Yifei openly and proudly endorses police brutality in Hong Kong, I urge everyone who believes in human rights to #BoycottMulan. https://t.co/utmP1tIWNa
— Joshua Wong 黃之鋒 ? (@joshuawongcf) September 4, 2020
Joshua afirma que a Disney não faz nada a respeito para não perder a segunda maior bilheteria mundial e agradar o governo chinês. A animação lançada em 1998 foi um grande fracasso no mercado chinês por ter apresentado diversos elementos estereotipados e preconceituosos em relação a cultura. De acordo com o analista cultural da Disney Xueting Christine Ni a bilheteria chinesa pode quebrar um filme então a Disney quer garantir que esse live-action seja um sucesso. Algumas cenas do longa foram gravadas na China e parte de roteiro foi baseado em textos datados do século seis.
Não entenda mal, apesar do fracasso da animação e do pedido de boicote do live-action, muitos chineses amam Mulan e ainda a usam como um símbolo importante, tanto que quando a ativista Agnes Chow foi presa durante os protestos muitos a descreveram como “Mulan da vida real”. Então você pode estar se perguntando, porque o boicote? O que os manifestantes chineses esperam com isso? Netiwit Chotiphatphaisal pede em seu Twitter para que as pessoas não assistam ao filme para que a Disney e o governo Chinês saibam que a violência que vêm acontecendo contra a população é inaceitável (tweet na integra abaixo).
พรุ่งนี้ Mulan เริ่มฉายวันแรก แต่เรายังไม่ลืมที่นักแสดงมู่หลานสนับสนุนการใช้ความรุนแรงของตำรวจต่อผู้ชุมนุมฮ่องกงที่ต่อสู้เพื่อเสรีภาพและประชาธิปไตย
เชิญชวนทุกคน #BoycottMulan #BanMulan เพื่อให้ทางดีสนีย์และรัฐบาลจีนรู้ว่าความรุนแรงของรัฐต่อประชาชนเป็นสิ่งที่ยอมรับไม่ได้ pic.twitter.com/g7bkIoTo9r— Netiwit Chotiphatphaisal (@NetiwitC) September 3, 2020
Algumas pessoas falaram que irão assistir, mas que darão visibilidade aos atores não tão conhecidos do filme.
Mulan estreou na última sexta-feira (04/09) na Disney Plus, mas o streaming só estará disponível no Brasil no dia 17 de novembro.