Caso você seja um fã de jogos de terror independentes você já deve ter ouvido falar de MADiSON, um game que veio na época de Visage e prometia ser mais uma das produções que levariam o legado de P.T. quando o mesmo foi cancelado.

Com uma demo lançada há alguns anos, MADiSON, do estúdio BLOODIOUS GAMES, prometeu ser uma trama que misturava suspense e quebra-cabeças, ao mesmo tempo que garantia bons sustos e uma mecânica de câmera fotográfica similar a outros jogos como o lendário Fatal Frame.

O estúdio gentilmente nos cedeu uma key antecipada e nós tivemos a oportunidade de conferir de perto a trama assustadora que mistura diversos tipos de inimigos em uma história intricada de possessão, mistério e drama familiar.

Previamente aviso que essa review pode conter spoilers, já que acho necessário para ter uma discussão mais abrangente do roteiro. Se você ainda não jogou MADiSON e não que ter sua experiência estragada por informações adiantadas, sugiro que pule esse texto.

Enclausurado

Muito bem. Em MADiSON nós começamos o jogo com um protagonista que está trancado em um quarto pelo seu próprio pai. Nosso progenitor grita, do outro lado da porta, que não somos mais seu filho e que cometemos atrocidades, porém não nos lembramos de absolutamente nada. Tentando fugir desse quarto, acabamos caindo na casa de nosso avô (que é um tipo de anexo a casa principal onde estávamos) e agora estamos urgentemente tentando fugir desse lugar, porém, todas as portas estão trancadas e há algo sinistro nos espreitando.

MADiSON
Imagem Divulgação

Para tirar logo o elefante da sala: MADiSON (o título mesmo) faz uma alusão a um filho que seria “louco” o que nos traz a ideia de que o jogo é só mais um terror psicológico que tenta abraçar doenças mentais como uma desculpa para fatos sobrenaturais. Entretanto, durante a jogatina, o jogo se mostra uma verdadeira história de demônios e fantasmas, fugindo desse espectro, o que me faz questionar se foi algo que se optou por retirar do game, ou apenas pouco tratado.

Todos os meus problemas com MADiSON estão em seu roteiro. Não que seja ruim, não é, mas mesmo tendo cuidado em ler tudo e me atentar a história me vi perdida em como os roteiristas tentaram abraçar os três inimigos principais da trama: o homem da câmara de gás, a bruxa Madison, e o Blue Knees.

Apesar de ter minhas próprias hipóteses para a trama, vou deixá-las de fora, e tratar cada inimigo como um segmento diferente. Enquanto o primeiro (o nazista da câmara de gás) quase não é abordado, e um inimigo que vemos por tão pouco tempo que não há nem graça; Madison é realmente a antagonista do jogo, sendo uma presença constante em nossas fotos, e mesmo que ela não possa nos matar (se não me falha a memória) ela é responsável pela maior parte dos sustos que são, em sua maioria, muito bem-feitos e atingem o objetivo. Blue Knees, o inimigo final, para mim é o melhor. Sua sequência, mesmo que não tão longa, é interessante, tensa e assustadora – e eu amei – mas ela parece meio fora do resto do jogo, e mais uma vez eu culpo o roteiro por não costurar tudo direitinho de forma a ficar mais consistente.

MADiSON
Imagem Divulgação

Observações Gerais

Quanto a outros aspectos, eu realmente gostei dos gráficos e da jogabilidade, a experiência com a câmera fotográfica é divertida e arrepiante e funciona bem com a ideia principal. A trilha sonora é muito boa também, principalmente a música do Blue Knees que parece ter sido inspirada pelo filme Insidious, e consegue trazer a mesma sensação tensa do filme. Os quebra-cabeças, parte essencial do jogo, são… ok. Alguns são muito bons, outros nem tanto, mas não vejo isso como algo ruim. Sendo um jogo com MUITOS puzzles, é normal que nem todos possuam o mesmo nível, mesmo assim eles conseguem entregar o esperado e fazer sentido na perspectiva do que o jogo prometia.

Enquanto eu lia outras resenhas para ver uma opinião geral, percebi que a maioria das pessoas se mostrou muito feliz com o resultado, e tiveram problemas apenas com os mesmos pontos que apontei anteriormente: o roteiro que por vezes se mostra confuso e “faltante” em algumas informações. Da minha parte é impossível não comparar a Visage, outro jogo bem similar, e eu considero MADiSON superior em vários sentidos, fugindo de alguns sensos comuns que se estabeleceram em jogos de terror e criando um próprio nome dentro do que já é esperado.

Eu demorei cerca de cinco horas para zerar o jogo, mas sou alguém que leva as coisas de maneira mais lenta e demoro principalmente em segmentos onde posso morrer (ruim em jogos, me desculpem). Mas caso você seja alguém mais ágil, a experiência fica em torno de três horas, o que para o valor de R$79,90 (Steam) não sei se é o muito justo tendo em vista que não parece o tipo de jogo que eu voltaria a jogar. Além disso, o mesmo também conta com uma DLC de R$8,99 chamada Possessed Camera que eu não experimentei.

MADiSON
Imagem Divulgação

O jogo conta com legendas e interface em português BR e está disponível para consoles. Para saber mais, e conferir o trailer, você pode acessar o site do game: https://madisongame.com/.

REVIEW
MADiSON
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Doka
Bibliotecária, especialista em conservação de histórias em quadrinhos, pesquisadora na área de educação, princesa da Disney e apaixonada por Sailor Moon a mais de 20 anos.
madison-reviewMADiSON é um jogo de terror psicológico em primeira pessoa que oferece uma experiência imersiva e aterrorizante. Com a ajuda de uma câmera instantânea, conecte o mundo humano com o além, tire fotos e as desenvolva você mesmo. Resolva quebra-cabeças, explore seus arredores e, o mais importante, sobreviva.