Maria Luiza Nery
    Maria Luiza Nery
    "Tradutora formada, orgulhosa integrante da Corvinal, estudante apaixonada de idiomas, viciada em café e metida a escritora, com uma pilha crescente de livros não lidos e doramas não assistidos. A playlist atual vai de jazz dos anos 40 a pop rock tailandês, e seus sonhos incluem viajar pelo mundo, abrir um sebo-café e ser conhecida como "aquela bruxa" quando chegar à velhice."

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    Governo tailandês planeja processar artistas por críticas contra o regime

    Não é de hoje que acompanhamos vários artistas tailandeses se posicionando contra as ações autoritárias da família real e do governo militar da Tailândia, chefiado desde 2014 pelo Rei Rama X e pelo primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha. Desde o ano passado, muitos atores, cantores e outras figuras da mídia mostraram apoio às demandas da população que foi às ruas protestar contra o comportamento ditatorial de seus líderes.

    Na última quarta-feira (21) o governo tailandês anunciou que vai denunciar e processar os artistas que criticarem os atuais líderes. A rapper Milli, de 18 anos, e o cantor e ator Max Jenmana (3 Will be Free) foram dois dos primeiros a entrar nessa lista, e o governo já anunciou outros nomes que fazem parte do meio midiático.

    Mas por que isso agora?

    A fila de espera para as vacinas padrão contra o COVID-19 na Tailândia requer um registro online que boa parte da população, principalmente no interior do país, não tem conseguido acessar, e a aplicação das vacinas consideradas “alternativas” (método RNA) não está disponível de forma gratuita, barrando mais uma vez seu acesso à classe com menor poder aquisitivo, mesmo tendo havido um aumento absurdo dos casos de COVID-19 e das fatalidades em decorrência da doença.

    Por conta disso, já faz alguns dias que muitos artistas têm se mobilizado firmemente nas redes sociais, denunciando a negligência do governo e sua agressividade contra aqueles que foram mais uma vez às ruas contra o descaso e o autoritarismo das lideranças. Nos últimos protestos, assim como no ano passado, os manifestantes foram confrontados pelo exército, que disparou balas de borracha e usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão desarmada.

    Ainda como reação às críticas sofridas, o governo está ameaçando se valer da lei para acusar os artistas de difamação e de espalharem fake news. Mas, como já era de se esperar, a resposta dos artistas e outras personalidades influentes na mídia foi oposta ao desejo dos líderes. Entre as muitas celebridades que se posicionaram contra essas medidas autoritárias, temos a modelo Amanda Obdam, representante da Tailândia no concurso de Miss Universo em 2020, postou a seguinte frase no Twitter:

    [Usar o medo para silenciar os outros é o ato de um covarde.]

    O ator e cantor Mew Suppasit também demonstrou seu descontentamento em uma sequência de tweets e no Instagram, e perguntou “como as pessoas poderiam confiar em suas ações (do governo)”, afirmando que “os impostos pagos pela população são desperdiçados nas mãos dos governantes”.

    O também ator e cantor Copter Panuwat (SBFIVE) falou sobre a situação da artista Milli: “(…) está sendo processada por dizer a verdade sobre o trabalho ineficaz do governo. Ela tem apenas 18 anos. É isso que um artista merece por dizer a verdade? #saveMilli

    Desde 2020, a hashtag #WhatsHappeningInThailand tem sido muito usada no Twitter para manter a comunidade internacional a par das manifestações. Utilizando a hashtag, o perfil Young Designer For Democracy postou uma sequência de tweets explicando (em inglês) qual é a atual situação política do país e o motivo das manifestações, além de denunciar a resposta violenta do governo aos protestos.

    Resta esperar para ver quais serão as próximas atitudes tomadas pelo regime de Rama X e Prayuth contra aqueles que ousarem se manifestar contra o comportamento ditatorial do atual governo tailandês, e torcer para que a população enfim alcance a merecida justiça.

    Para se manter informado sobre os protestos na Tailândia, acompanhe as hashtags no Twitter.

    Imagem de Capa via Voice TV (Foto: ปฏิภัทร จันทร์ทอง)

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    "Tradutora formada, orgulhosa integrante da Corvinal, estudante apaixonada de idiomas, viciada em café e metida a escritora, com uma pilha crescente de livros não lidos e doramas não assistidos. A playlist atual vai de jazz dos anos 40 a pop rock tailandês, e seus sonhos incluem viajar pelo mundo, abrir um sebo-café e ser conhecida como "aquela bruxa" quando chegar à velhice."

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