A espera acabou. Eternos está chegando e o MCU vai tremer. A Fase 4 está tomando forma com os novos personagens e o hype só aumenta, ou pelo era isso que esperávamos. Sabemos que a Marvel é uma franquia gigante de muitos filmes dentre eles épicos, bons e ruins, mas não lembro de algo tão abaixo da média como Eternos, um filme que não mostrou a que veio, só se prendeu a cenários bonitos, ofuscou muito da representatividade – e com um erro crasso envolvendo os brasileiros.

Talvez o ponto mais forte do filme é a reflexão do crescimento. Deuses são mostrados como perfeitos, impecáveis, lindos, o pedestal do ideal, como se nunca errassem, e aqui foi muito bem desenvolvido. Deuses são corruptíveis, não são os mais bonitos do mundo e nem têm o corpo perfeito, onde a idealização do corpo de modelo é quebrado e acho importantíssimo isso para quem busca sempre uma operação por fins estéticos; claro que somos livres para mudarmos qualquer coisa em nossos corpos, mas com responsabilidade, qualquer corpo é lindo e Eternos simbolizou isso indiretamente.

O que pode ser engrandecido aqui também é a representatividade, não só a Makkari (Lauren Ridloff) para os PCD auditivos quanto para o movimento LGBTQIA+, só que jogar um monte de casais héteros e mostrar pouco o casal gay é meio questionável, mas não vou entrar nisso, a representatividade está lá e cada vez mais precisar ser frequente no cinema. Aliás, o que não se esperava de Eternos é que ele seria um romance, parabéns para quem enxergou um filme de herói, mas ali têm inúmeras cenas de amor com flashbacks melosos que ficaram focando a todo momento o romance de Ikaris (Richard Madden) e Sersi (Gemma Chan), o que não é um problema, mas se tornou, e ainda misturou um conflito novelesco de inveja e dependência amorosa que encheu o saco em todo o filme. Todo momento tinha algo referente ao romance e isso incomoda demais e atrapalha a trama.

Diante isso tudo vale destacar aquilo que mais fez barulho na Disney, acho que os críticos não viram o mesmo filme que eu, o humor da Marvel está lá, excesso de piadas que funcionam ou não, o mesmo problema de sempre. Contudo acredito saber o porquê desse filme ser detestado, ele é chato, enrolado demais, tudo demora para acontecer, caminhos fora da trama completamente desnecessários, tudo para fazer com que Eternos tenha alguma coisa para contar. Pareceu tanto que eles queriam colocar tudo que existe nos quadrinhos como também que não tinham o que contar no filme, ficaram jogando cada eterno para todo o redor do mundo só para mostrar o quanto eles são poderosos, sendo que toda cena de batalha já fez isso. Os eternos não são diferentes de qualquer herói da Marvel no MCU: poderosos, mas derrotáveis, não aparentaram deuses nesse sentido.

Ao decorrer da história, o filme se perde com essas viagens malucas, chega no arco final e esperamos uma cena de batalha épica, e por mais épica que seja, muitos cortes rápidos, cenas próximas demais e até excesso de diálogos. Para mim não foi tanto incômodo, mas é um padrão fora do jeito Marvel, talvez por isso comparem com os filmes da DC. Eu gostei das cenas, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, então preferiram trabalhar planos detalhes e discursos de vingança e justiça a todo momento, além do embrulhado  romance, elementos que são perfeitamente trabalhados na DC. Eternos faz a mesma coisa e consegue trabalhar muito bem isso, quem se incomodou foi mais uma opinião clubista infantil do que algo coerente, para trazer aquela treta besta de Marvel e DC, mas faz sentido chamar Eternos de um filme parecido com os da DC, e quer goste ou não foi um elogio.

Tantos problemas no filme conseguem ser abafados pelo maior erro que eu juro que fazia tempo que não via. Estamos falando da Disney, um dos maiores estúdios cinematográficos do mundo, e da Marvel, o maior nome da cultura pop na atualidade, entregar uma cena na Amazônia e coloca-los para falar espanhol foi ofensivo o suficiente para destruir o filme para mim. É inadmissível em pleno 2021 o brasileiro ter que aturar filme gringo onde nós falamos espanhol, e não adianta falarem de contexto ou coisa do tipo, porque eram trabalhadores no meio da Amazônia, não existe argumento para coloca-los falando espanhol, e não tinha um produtor executivo para alertar isso, uma produção desse tamanho e não tinha um indivíduo para alertar isso? Quer vergonha Disney, que vergonha.

Eternos não funciona, ainda está avulso no MCU, mas será amarrado mais para frente na franquia. Desgastante, contemplativo e novelesco a ponto de dormir, só os marvetes mais fervorosos vão defender com unhas e dentes e as críticas negativas são necessárias independente de quem tenha entregado uma obra ruim.

REVIEW
Os Eternos
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
eternos-reviewOs Eternos são uma raça de seres imortais que viveram durante a antiguidade da Terra, moldando sua história e suas civilizações enquanto batalhavam os malignos Deviantes.