Megu
    Megu
    Uma eterna aprendiz da vida e um poço de curiosidade. Fascinada por seres humanos.

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    BMQMNQ #8 – A romantização do amor nos shounen ai e shoujo ai

    Hey, dears. Como vão? Sorry pelo delay dessa semana (fim de semestre é complicado u-u’).

    Confira também: No. 6 | Review

    O tema da vez seria yaoi com me sugeriram (e amei <3). Porém, quis começar a reflexão um pouquinho “antes”, com algo mais ‘light’, por assim dizer. Eis que, vamos de significações:

    shounen = “menino, garoto, entidade do sexo masculino”

    shoujo = “menina, garota, coisa fofa do sexo feminino”

    ai – “amor, love”

    Essas são as definições básicas dos termos – não irei entrar em mérito de kanji e afins porque não sou perita na língua japonesa. Ademais, as considerações a seguir serão baseadas na cultura oriental e os conhecimentos limitados da Tia Megu – ou seja, não é algo definitivo e, na qualidade de ser humano falho que sou, meu conteúdo está sempre sujeito à revisões (que são sempre muito bem vindas!).

    Iniciando o tema de hoje, quis trazer ele antes de yaoi e yuri por um simples fato: não tem sexo. Sendo curta e grossa, esse é o principal diferencial entre as quatro categorias. E, assim sendo, temos uma sutil mudança no enfoque. Enfatizo isso para fazer um singelo apontamento, o quão o papel do sexo é central na nossa sociedade. A sexualidade como um todo tem sido uma questão muito debatida recentemente, após um bom tempo tratada como tabu ou de uma maneira implícita. No entanto, por mais que os meios tenham facilitado o acesso à informação e afins, ainda tem toda um “receio” ou “condições” para se falar acerca.

    Desmistificando alguns tópico: você sente fome, sede, sono, dentre outros. Como ser, não apenas humano, mas como um ser vivo, você tem necessidades tidas como naturais. Claro, a nossa racionalidade e influência da psique entra nesse meio, tornando a questão muito mais complexa. No entanto, vamos focar no simples, no básico. Todos os seres possuem necessidades. Se quiser complexificar mais, os animaizinhos racionais que somos sentem desejo. Então, porque mistificar tanto algo que todos supostamente sentimos? Que todos, salvo raríssimas exceções, sentem? Porque não falar de sexo?

    “- Ai, Megu. Sua velha. Hoje em dia não é mais assim.”

    Tudo bem, tudo bem. Posso estar sendo antiquada. Pode não ser mais assim. Entretanto, bato na tecla do diálogo não apenas acerca desse tema. Acredito que não deveríamos ter ressalvas de falar sobre tema algum. Não deveriam ser restritos determinados tópicos porque isso implica em uma restrição da liberdade. O direito de questionar. Com a informação, em geral, após ela consumida e acessada, formamos uma opinião. Tal, idealmente, após uma reflexão sobre o assunto. E, como consequência, a formação de um senso crítico – o que parece estar em falta na nossa sociedade atual.

    Com a enxurrada de informações e a alta exposição de conteúdos é muito mais cômodo e fácil pegar uma opinião alheia como a própria, ou mesmo, abster-se de reflexões. Dói menos, sem dúvidas.
    Voltando, Sexo e Sexualidade, Amor e Desejo. Tenho certeza que dependendo do background e formação de cada um, você tem determinada concepção para o que essas respectivas palavras são. Pois então, vou pular definições porque não sou dona da verdade. Pegue as que preferir e, caso não se adequem, talvez~ algo aí possa ser revisto.

    Preferi começar falando justamente do que “foge ao padrão”. Ou seja, o que supostamente se espera ou está normatizado. Como nosso referencial é a terra do sol nascente, tenha em mente que é uma sociedade bem menos flexível que a nossa. O que quero dizer com isso? Quero dizer que a lógica instituída – de um ponto de vista ocidental, que fique claro – é mais rigorosa, rígida. Assim, o sujeito ocupa um lugar na sociedade que já tem valores e ideias pré-concebidas. O diferente é julgado muito mais do que aqui.

    Logo, as uniões homoafetivas (por exemplo) que, sempre foram presentes mas marginalizadas, assumiram um papel ainda mais velado e acabaram por se realizar no espaço que tinham, no âmbito do imaginário. O fator do condenável, do tabu, do proibido deu ainda mais força para o fator do romântico. Surge então uma comoção, uma idealização das histórias entre pessoas de mesmo gênero. Os shonen-ai e shoujo-ai são umas das expressões disso.

    A mudança de enfoque, como anteriormente disse, vem com a questão do velado. No shoujo-ai e shonen-ai ainda há toda uma romantização, um “ideal de amor” que parece se manter no limiar de pureza e belo. Os sentimentos são puros e inocentes, logo não podem ser manchados por algo sujo e feio como sexo – que é ‘impuro’.

    Já pararam para pensar o porque fujoshis e fudanshis são denominados dessa forma?

    joshi: “jovem, moça”

    danshi: “jovem, moço”

    fu: “corrompido, pervertido”

    Ou seja, fujoshis e fudashis que é como são chamados os fãs de yaoi e-ou yuri, em uma tradução literal seriam ‘jovens corrompidos’. Hmm Porque será, hein? E aqui retornamos ao ponto do começo. Porque o sexo, uma condição humana tão básica como comer e dormir é tida como algo sujo?

    Vou expor uma das possíveis “respostas”. O ser humano em sua pretensa superioridade racional, iguala necessidades básicas e animais à algo inferior. Dessa forma, tudo que remete a algo instintivo, que foge ao controle e-ou é inerente à nossa vontade, que macula a beleza do pensamento racional é igualado a sujo, degenerado, rebaixado – e, por vezes, condenável.

    Well, por hoje deixo vocês com tais inquietações.

    Espero que tenha feito algum sentido rs

    Até a próxima: yaois e yuris <3 <3

    (Haai, fujoshi desu :3)

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