Por conta da pandemia do coronavírus (COVID-19), o cinema entrou em um hiato de vários meses, começando a voltar aos poucos na reta final de 2020 e fazendo com que alguns estúdios comecem a liberar seus filmes de volta para cartaz, entre eles um que aquece nossos corações com gigante saudosismo.

Alex Winter e Keanu Reeves estão de volta para salvar o mundo em meio a infinitas linhas temporais em Bill e Ted: Encare a Música, obra essa que é um abraço de infância que nos faz amar cada segundo desse filme.

Se você é fã dos filmes de Bill e Ted, assista sem medo, o diretor Dean Parisot e roteiristas Ed Solomon e Chris Maltheson não tiveram medo de resgatar toda aquela aura oitentista e sem freio dos filmes sem pé e nem cabeça da sessão da tarde que moldou uma geração, dessa vez com um roteiro mais amarrado do que os dos anos 80.

A base da trama é viagem no tempo, o que é um tanto assustador, pois multiverso é a desculpa do roteirista para fazer qualquer loucura bizarra e usar isso como argumento. Em Bill e Ted se viu uma aula de como trabalhar isso, além de muitos acontecimentos mexerem com o espaço tempo, Bills e Teds de outras linhas temporais sofrem com esses acontecimentos e isso afeta suas famílias, com suas vidas e suas carreiras, um amontoado de diálogos e cenas conseguiram trabalhar de forma excelente o que seriam infinitas linhas temporais que tecem um multiverso.

O filme se chama Bill e Ted, mas deve-se dividir esse protagonismo a duas personagens grandes, e porque não futuros nomes que possam estampar novos filmes, Billie (Brigette Lundy-Paine) e Thea (Samara Weaving) protagonizam uma história paralela para ajudar seus pais Bill e Ted, viajando no tempo por outros motivos mais significativos para o mundo. O confuso foi que o arco delas não mexeram com o espaço tempo da mesma maneira que a história principal, o que poderia até ser chamado de furo de roteiro, mas toda a confusão já estava centrada no arco de Bill e Ted e em alguns momentos saia do controle, então o arco delas ser mais simples e objetivo foi a melhor escolha para não explodir a cabeça das pessoas com tanta informação.

bill e ted

O multiverso têm um ponto fora da curva que é o acúmulo de informação. Pode buscar qualquer produção que envolva viagem no tempo, das mais idolatradas até as mais reflexivas, todas elas têm esse problema de muita informação e milhões de teorias, isso é para muitos enriquecedor, mas em algumas produções é massivo e se torna chato. Bill e Ted sofre com esse problema. O ponto chave da trama é o multiverso, e todo o lado acertado das linhas temporais construídas bate de frente com inúmeros argumentos e explicações dentro do filme, sejam elas por diálogo ou visualmente. Em um momento pré-final, o roteiro vira uma bola de neve sem freio que não se sabe onde vai parar até o reencontro da Morte, daí se volta para as origens do primeiro filme e aquele abraço da infância nos conforta de novo.

Pode parecer um discurso muito cinéfilo cult mas deve-se destacar um ponto interessante, por se tratar de multiverso, Bill e Ted reencontram muitos deles mesmos, e sempre gera um diálogo entre eles, claro que essa ferramenta é um modo de trabalhar o humor no filme, mas o roteiro trabalhado com as trilhas sonoras e toda construção dos personagens fez com que a cena fosse mais reflexiva, passando uma mensagem para todos nós que achamos que sabemos tudo de nós mesmos, quando na verdade podemos não saber nada. Meio louco né? Pode parecer coisa da minha cabeça, mas esse filme conseguiu mostrar isso sem fazer grandes artifícios de roteiro e se mostrou melhor que muitas produções que falam de viagem no tempo.

Destacando que esse filme vai prender os fãs de Bill e Ted, dificilmente alguém que nunca viu irá gostar e infelizmente eu acredito que passará despercebido por muitos, mas em meio a pandemia e a escassez de filmes, pode ser uma ótima escolha de boas risadas. Apesar de momentos cansativos e cheios de diálogos informativos, Bill e Ted: Encare a Música é o filme certo para nos fazer rir novamente, relembrar momentos da infância e aclamar mais uma grande aventura dos Wyld Stallyns para salvar suas famílias, consertar o espaço tempo e unir o mundo, pois como a dupla diz: Sejam excelentes um com os outros; E deixem a festa rolar, caras!

REVIEW
Bill & Ted: Encare a Música
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
bill-e-ted-encare-a-musica-reviewTrês décadas depois, Bill (Alex Winter) e Ted (Keanu Reeves) ainda não conseguiram escrever a melhor música de todos os tempos. Os amigos, então, têm a ideia genial de viajar para o futuro, para quando já tiverem escrito a música, e roubá-la de si mesmos… o que poderia dar errado? Ao lado das suas famílias e da inseparável amiga Morte (William Sadler), eles precisam encontrar a música perdida e salvar o mundo de uma possível catástrofe. Tudo isso, claro, sendo excelentes uns com os outros e deixando a festa rolar!