Um sonho a ser seguido, a chance de uma vida aparece e tudo pode mudar a partir daí, uma vida melhor, um sonho sendo realizado, isso se todos os obstáculos forem superados e todas as dificuldades serem vencidas.

Pega tudo isso e equilibra sua razão e emoção, tudo levado até o limite, pela busca de um sonho, até um dia ele perder o sentido por causa de outros acontecimentos, sonhos morrem para dar lugar a outras ambições, e muitas vezes obrigações, triste? Complicado?

Apenas a realidade de muita gente adaptada em um filme britânico, As Loucuras de Rose não é só um filme maravilhoso como pode ser chamado de documentário facilmente por mostrar aquilo que os grandes estúdios escondem com histórias felizes.

Crise Pessoal de Rose

Uma crise pessoal/profissional indiretamente trabalhada na vida da protagonista Rose (Jessie Buckley), mãe de dois filhos que vive uma vida comum, curte com namorado e amigos, alcoólatra, já foi presa, em busca do seu sonho de se tornar uma cantora de música country, morando em Glasgow na Escócia, o sonho americano da música country tomou conta de seu coração, e para conseguir realiza-lo ela precisa ir para Nashville, Tennessee, a terra do country – não há lugar melhor para correr atrás desse sonho.

Enquanto isso, ela trabalha em empregos pequenos como uma empregada na casa de Susannah (Sophie Okonedo), a qual rouba a cena em muitos momentos, a típica milionária que abraça o sonho da pobre empregada, querendo que ela alcance o sonho, mas segredos são mantidos e eis aqui o primeiro ponto do debate, o ex-presidiário que têm que esconder seu passado para poder ter uma chance de vida melhor, se ela soubesse que Rose já foi presa, a teria contratado? Isso que o motivo dela ter sido presa não é explicado, o que fortalece mais ainda o debate, e também porque esse não era o foco do roteiro.

Em busca do sonho de ser cantora, Rose passa por tantos problemas os quais não abala seu emocional, provando que o sonho é maior do que qualquer coisa, inclusive seus filhos, e daí surge o mais novo debate, vale correr atrás de um sonho e se tornar uma mãe/pai ausente? E não venha defender que existe possibilidade de seguir com os dois, em algum momento seu trabalho exigirá de você mais atenção que os filhos e vice versa, por isso existem sacrifícios os quais a maioria não consegue fazer, têm também que comparar com a personalidade de Rose, uma mãe jovem que ainda não amadureceu a ideia que têm filhos, causando indiferença entre eles em tela, com certeza uma cena que choca e marca a todos, a todo momento que ela tenta cuidar dos filhos, ela não consegue, nem sequer sabe a comida favorita de cada um, não sabe o que fazer quando eles se machucam e sempre ter que deixá-los com alguém quando busca a realização de seu sonho, até onde vale fazer isso?

Sonhos e Viagens

Com tantos acontecimentos e escolhas difíceis, Rose consegue fazer a viagem para Nashville, mesmo com seu sonho sendo deixado de lado, ela vai para Tennessee e têm um choque de realidade que a molda para sempre, e também gera algum tipo de debate.

Nashville é conhecida por seu turismo, a cidade te fornece frango frito e música country, a cena a qual ela explora os bares noturnos e pergunta a chance de cantar no palco, recebe a notícia que pessoas do mundo inteiro vão lá para cantar e que precisa agendar via site, um bar lotado e inúmeros aspirantes cantando suas histórias vividas tocadas em três acordes, a história de Rose não é única, mas apenas ela sabe o que sentiu passando por tudo isso, transformando em música e cantando em sua terra natal, provando que nenhum sonho é maior do que sua busca por ele, mas existe uma vida para seguir e, dependendo do que acontecer nesse longo caminho, o sonho se deteriora, e aos poucos morre, e traz o que pode ser chamado de a maior reflexão desse filme, isso é bom ou ruim?

Isso vai depender muito da interpretação de cada um e da visão de sonhos e objetivos, para muitos, assistir a realidade em filmes é algo sem graça, para outros é um marco importante para não acreditar que a vida é um mundo mágico com sonhos realizados e dinheiro no bolso, para a atual geração que se mostra sensível em muitos casos da vida, esse filme se mostra mais que obrigação de ser assistido, pois acredite se quiser, um pouco de cada coisa ocorrida na vida de Rose se mostra real pelo menos em 1/4 da população mundial.

As Loucuras de Rose

Divisões e Superações

Inúmeros pensamentos em um roteiro que parecia mais uma linda história feliz coloca As Loucuras de Rose como um dos melhores filmes do ano, não só exemplificando pessoas comuns tendo que desistir de seus sonhos, mas a questão da recém mãe que ainda não caiu a ficha e vê seu mundo mudando por completo, tendo que dividir sua vida com seus filhos, e aos poucos deixando de lado tudo aquilo que ela buscava, claro que existem mulheres que conseguem fazer os dois, mas não é uma unanimidade, e toda essa essência que traz o filme conquista seu coração em cada momento assistido na sessão.

REVIEW
As Loucuras de Rose
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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
as-loucuras-de-rose-reviewEstrelado por Jessie Buckley (“Chernobyl”) e dirigido por Tom Harper, "As Loucuras de Rose" (Wild Rose) conta a história da talentosa e irresponsável Rose-Lynn Harlan, que sonha em se tornar uma estrela da música country. Tudo o que ela sempre quis foi uma oportunidade de sair de Glasgow e seguir para Nashville, nos EUA, onde acredita que terá sua grande chance de ser cantora. Mas, depois de passar um ano na prisão, aos 23 anos e mãe solteira de duas crianças, Rose-Lynn se vê forçada a encarar as responsabilidades e sua mãe Marion (Julie Walters), que prefere que ela aceite a vida que tem. Até que um encontro casual a aproxima dos seus sonhos e a obriga a escolher entre a família e o estrelato.