O cinema já viu inúmeros filmes de máfia, golpes criminais e todo tipo de vilania já foi explorada nas grandes telas, isso era o que imaginávamos, na nova onda de filmes baseados em histórias reais e cinebiografias, As Golpistas nos apresenta a dificuldade e inteligência que algumas strippers passaram para poder chegar no pódio da sociedade, o pedestal da boa vida, cheia de glamour e dinheiro conquistado pela caminho errado, elementos que eleva o patamar desse filme para um possível conquistador de estatuetas.

Um padrão de filmes do gênero crime, máfia ou se preferir, o lado errado da sociedade, esse clichê é algo que o público ama assistir, mas devido ao politicamente correto, a crítica acredita que esse tipo de filme traz uma mensagem errada e não é boa influência, o que me desculpe os cinéfilos de plantão e críticos da área, mas nenhum filme sobre assaltos e golpes é uma mensagem positiva, na verdade esse é o gênero onde pode-se “brincar” com qualquer coisa nesse meio, da máfia a “nível Scorcese” até filmes de ação explosiva ao estilo Velozes e Furiosos, não há discurso bonito ou textão de Facebook que mude a visão das pessoas quanto os filmes de bandidagem, todos amam e assistem várias vezes esse tipo de filme que foge da realidade em que se vive normalmente.

As Golpistas explora esse mundo de uma forma nunca antes lapidada nos mínimos detalhes, ainda conseguindo passar uma mensagem a nível soco no estômago, o cenário é um dos ambientes mais machistas possíveis, bordel e prostitutas até onde a vista alcança, desmentindo totalmente a ideologia que o local aparenta, quando os homens se acham reis, as mulheres são deusas e conseguem derrubar qualquer um com uma simples empinada ou peitos a mostra, no conjunto da obra, o filme trabalha uma imersão fantástica de um mundo dominado por homens do jeito mais feminista possível.

Contudo um bom filme criminal necessita uma trama mais bem trabalhada, o que gerou algumas barrigas e desenvolvimento lento, aquela necessidade padrão para que cada detalhe fossem bem contados e pontas soltas fossem amarradas. O filme levanta a discussão do quão difícil é a vida de uma stripper, e mesmo tendo que passar por todo aquele mundo onde a colocam como um simples objeto, a profissão em si é rotulada como suja e rebaixada por gente que não se prostituiu para conseguir colocar comida na mesa, mas julgar sem saber é mais fácil do que ter empatia por elas, mais um grande ponto do filme, pois isso não é só bem exemplificado nas personagens como elas não têm problema de assumir o manto de stripper, não existe vergonha ou baixo astral, pois elas sabem que estão acima de todos, satisfazem os prazeres dos homens em prol dos próprios prazeres.

Com um filme direcionado as mulheres, o elenco tinha que ser algo marcante, dito e feito! J. Lo., Card B e Lizza trazem esse poder de uma diva emponderada e lacradora para a trama, mas nada melhor desenvolvido que a protagonista Destiny (Constance Wu), seu personagem é a típica ingênua que caiu de paraquedas no mundo dos bordéis, ao fazer amizade com Ramona (Jennifer Lopez), o fluxo da história segue naqueles padrões mafiosos, a junção do grupo e a esperteza dessas mulheres resultam nas maiores golpistas já vistas de toda a cidade, plano envolvendo drogas, mulheres sensuais e homens imbecis que não resiste a um par de peitos, uma forma simples e de certa forma batida de se trabalhar uma trama do gênero criminal, mas que ainda consegue conquistar aqueles que sentem falta do submundo do crime nas grandes telas, e o que mais enriquece essa história é que é verídica.

as golpistas

As Golpistas está dando o que falar e infelizmente não é de forma positiva, a começar pela ex-stripper, Samantha Barbach, a qual serviu de inspiração para essa história, está processando o estúdio a STX Films e Nuyorican Productions em 40 milhões de dólares. O motivo: seria que a ex-strpper acredita que sua personagem foi explorada de forma abusiva e pede uma indenização por compensação e danos punitivos, mas antes fosse só isso.

A diretora Lorena Scafaria denuncia sexismo e misoginia no Globo de Ouro por falta de mulheres na categoria Melhor Diretor, argumento esse que tem sua razão, a categoria de Melhor Diretor do Globo de Ouro contou com os indicados Todd Phillips (Coringa), Martin Scorcese (O Irlandês), Quentin Tarantino ( Era Uma Vez em Hollywood), Bong Joon-ho (Parasita) e Sam Mendes (1917), esse sendo o vencedor, e dentre as grandes produções como As Golpistas e Adoráveis Mulheres onde as diretoras se destacaram nas produções, a ausência delas na lista é bem questionável, talvez as costas quentes de Scorcese e Tarantino pesaram ao fazer a lista, mas se fosse esse o caso, por que então nenhum deles levou o prêmio? Será que a academia pesou para o filme de guerra, gênero tão idolatrado por eles?

Entre polêmicas e debates, As Golpistas é um dos melhores filmes do ano disparado, com ou sem premiação, aqueles que assistirem saberão valorizar uma bela obra, e as mulheres só irão engrandecer ainda mais esse filme que pode ser chamado de Filme do Ano para elas que não seria um exagero, total girl power de forma divina em meio a um dos ambientes mais machistas que existe no planeta Terra, eleva esse filme a um patamar acima dos filmes que estão por vir no ano de 2020.