A Menina do Outro Lado (ou Totsukuni no Shoujo), é uma obra shounen sobrenatural de Nagabe, iniciada em 2015 e que está prestes a contar com sete volumes tankobon.

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A Darkside Books trouxe pelo seu selo Graphic Novel o título ao Brasil, que já se encontra com duas edições, que recentemente li e trago a vocês o sentimento desta primeira golada desta narrativa tão sublime, linear e mágica. Vamos lá!

Dois Lados: Preocupação e Esperança

Na trama somos apresentados a Shiva, uma garotinha que acredita ter sido perdida em uma floresta e aguarda ansiosamente por sua tia. Em contrapartida, temos Sensei, um monstro com feições de bode/demônio, carismático e que preza acima de tudo, cuidar da pequena garota.

Por guardar um segredo em que pode acabar com a felicidade da pequena (não quero dar esse pequeno spoiler por aqui, mesmo sendo do primeiro capítulo), convivemos e compartilhamos o fardo junto ao monstrengo – o que aumenta ainda mais a sensação de proximidade com o personagem.

Já Shiva, sua esperança de ter seu lar de volta é o que lhe dá forças para se aventurar em uma sombria floresta – como também em um vilarejo abandonado – já que ela acha que pode encontrar a suas tia em qualquer um destes lugares. Apesar de ter este espírito livre de aventureira, é o estopim para o primeiro problema apresentado na obra.

Mesmo em suas diferenças, seja física e de objetivos, é interessante a forma em como o autor trabalha a relação entre os dois; diria que é das poucas coisas realmente fofas (vide Sensei cozinhando ou tratando dos machucados de Shiva) dentro desta fábula sombria.

Mitologia da Luz e das Sombras

Já no primeiro volume de A Menina do Outro Lado temos faíscas de como é o mundo criado por Nagabe. Há milhares de anos, viviam no mundo dois seres celestiais: o Deus da Luz e o Deus das Trevas.

Enquanto que o Deus da Luz trazia a felicidade e a bondade ao mundo, o das Trevas exercia a destruição. Houve-se um tempo em que então o Deus da Luz amaldiçoou seu adversante com uma aparência monstruosa; e claro, teve volta, já que o Trevoso jogou uma maldição onde as pessoas adquiririam sua aparência caso tocassem em uma de suas criaturas.

E assim fez-se o muro que isolava as Criaturas das Trevas dos Humanos, privando as liberdades e alimentando a rivalidade entre as raças.

É neste universo em que a garotinha se encontra; Shiva fora parar neste Outro Lado que não compreende e mais: não entende do real fator de que um luta contra o outro – ela só deseja a paz neste universo tortuoso. 

Dicotomia Social e Filosófica

O preto carregado do autor com a utilização dos contrastes se encaixa perfeitamente na situação que a trama se desenvolve. Com os questionamentos de Shiva sobre o “por que eles são maus?” e de sua verdadeira origem, fica claro que sua trajetória seguirá pela busca de sua identidade e lugar no mundo (um pouco do que também vimos na obra de Loputyn, Francis).

Outra questão é o medo do desconhecido e o quanto isto afetou para que a harmonia destas duas raças se deteriorasse. Será que teremos uma maior abordagem do mundo e sua expansão com mais personagens?

Enquanto estas respostas não chegam, nos resta acompanhar os lançamentos subsequentes de A Menina do Outro Lado, que por sinal (como sempre), conta com o belo acabamento artístico da editora, o que dá um peso maior nesta fábula oriental.

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